Como otimizar a sua consulta com o geriatra

As primeiras consultas geriátricas, em geral são mais demoradas que o habitual.

A seguir, daremos algumas orientações e sugestões para que as consultas em nossa Clínica sejam mais proveitosas.

Horário: programe-se para chegar cerca de 20 minutos antes da sua consulta. Especialmente na primeira vez, talvez você não conheça bem o local, demore para estacionar o carro e ainda precisará preencher uma ficha com a secretária. Procuramos atender nossos pacientes sem atrasos.

Acompanhante: quase sempre é interessante que o paciente venha à consulta acompanhado para que o ajude a se lembrar de algumas questões, a memorizar orientações e tratamentos propostos. Entretanto, o acompanhante deve procurar ser oportuno deixando o paciente se expressar livremente, não respondendo por ele, mas somente ajudando-o quando não se lembrar ou não puder falar por alguma limitação. O ideal é vir com um ou no máximo dois acompanhantes, evitando as “comitivas”. Muitas vezes, será conveniente que em algum momento da consulta o paciente converse às sós com o médico.

Como contar a história médica: procure fazer um resumo em ordem cronológica dos problemas de saúde que tiver (escreva algumas palavras que o ajudem a lembrar na hora da consulta). Ao falar de sintomas novos, conte quando começaram, quando são desencadeados, como são aliviados e como interferem no dia-a-dia. Se há vários sintomas, liste-os, fale o que acha mais importante primeiro e procure ser objetivo ao descrevê-los. Não deixe para o final da consulta nenhuma queixa, porque isso pode mudar todo o raciocínio médico sobre quadro clínico.

Procure lembrar-se também de todos os tratamentos médicos e cirurgias realizados no passado. Mencione os médicos ou especialidades com os quais faz ou fez algum tratamento. Procure pensar nos problemas de saúde de seus familiares mais próximos (pais, irmãos, tios, primos de primeiro grau e filhos). Essas informações serão questionadas pelo médico.

Lembre-se que o médico que lhe atende procurará ser compreensível. Médicos não são seres diferentes dos “comuns dos mortais”, são de “carne e osso”. Não tenha “medo de levar broncas”. Por isso, seja sincero, fale a verdade e não omita informações. O alicerce da relação médico-paciente, que é uma parceria em prol do bem do paciente, é a confiança.

Assim, se não estiver fazendo direito um tratamento, diga-o claramente e procure pensar nos motivos: esquecimento, incômodo, receio dos efeitos colaterais, impossibilidade financeira, não aceitação da doença etc. O médico, por sua vez, deverá ajudá-lo a contornar suas dificuldades nesse sentido. Também não minimize nem exagere nas descrições de seus sintomas.

Se houver dificuldade para ouvir ou enxergar, avise o médico. Não esqueça de levar os óculos e os aparelhos auditivos.

Não tenha receio de conversar sobre assuntos íntimos, eles integram o bem-estar físico-psíquico-espiritual da condição humana. Se estiver acompanhado, sinalize que deseja conversar em particular. Se for o caso, fale dos sentimentos que o incomodam: tristezas, angústias, estresse, questões sexuais, dificuldades econômicas, preocupações, sinais no corpo que o assustaram (um sangramento, por exemplo, ou uma dor “diferente”, um “caroço” etc).

Tire as suas dúvidas e pergunte com franqueza. O médico deve lhe explicar com a linguagem que lhe for compreensível. Volte a perguntar se continuar não entendendo alguma informação, seja sobre o seu diagnóstico, sobre os exames pedidos ou sobre as medicações e orientações prescritas.

É bastante útil, ao fim da consulta, que o paciente ou o acompanhante faça um resumo das orientações e dos tratamentos propostos para assegurar que nada foi mal compreendido. Em geral, o médico escreve as orientações mais importantes. Se ele não o fizer, faça você as suas anotações.

Medicações: leve anotado todos os nomes e dosagens de todas as medicações que foram utilizadas no último mês e os horários em que são tomadas. É importante não deixar de lado nenhum remédio, incluindo os “caseiros”, “naturais”, “vitaminas”, “calmantes”, colírios, remédios para dor, para tontura, para o intestino, para dormir, ou qualquer outro, mesmo que ache que “não tem muita importância”. Pode ser útil levar as receitas de outros profissionais.

Controles: algumas vezes os médicos pedem alguns controles a serem realizados em casa. Esses controles podem ser medidas de pressão arterial, de glicemia capilar, de temperatura ou podem ser “diários” em que o paciente deve anotar sua alimentação, atividades físicas ou funcionamento do intestino, da bexiga etc. Esclareça bem a forma de fazer esses controles e não esqueça de levá-los na próxima consulta!

Exames: leve todos os exames relacionados ao seu estado atual. Não esqueça dos que foram pedidos na última consulta. Quanto a exames de rotina, leve os últimos de cada tipo (última mamografia, ultrassonografia, ecocardiograma, densitometria óssea etc).
Em geral, não é aconselhável jogar fora exames antigos, mesmo se são normais. Eles podem ajudar a verificar a época em que determinada doença surgiu e acompanhar a evolução da mesma.

Autora: Dra. Luciana Pricoli Vilela é medica especializada em Clínica Geral e Geriatria pela Universidade de São Paulo e membro da Sociedade Brasileira de Clínica Médica e Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

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