O que é Geriatria

Geriatria é a especialidade da Medicina que se foca no cuidado dos indivíduos idosos, nas mais diversas situações de saúde e doença.

O geriatra é também um clínico geral preparado para atender adultos com o acréscimo de possuir uma formação que vai além da Clínica Médica pura pois está habituado com as particularidades da história clínica e do exame do idoso. Nesse sentido, a Geriatria atua nos seguintes âmbitos:

Promoção de saúde: é o estímulo entre os idosos e os adultos em fase de envelhecimento para que cultivem hábitos saudáveis que previnem diversas doenças.

Prevenção de acidentes: visa diminuir a chance de que situações evitáveis prejudiquem a saúde.

Tratamento e controle de doenças já estabelecidas: o geriatra avalia o paciente com uma visão holística. Não é raro que os idosos façam acompanhamento com diversos especialistas que focam seu tratamento unicamente na dimensão de determinados sistemas do corpo, sem que haja diálogo entre eles. O geriatra, por sua vez, está apto para acompanhar a maioria das doenças que atingem essa faixa etária e também para administrar os acompanhamentos especializados que em determinados casos são necessários.

Funcionalidade: faz parte da visão holística da geriatria, avaliar o grau de funcionalidade dos idosos, isto é, a capacidade que esses indivíduos possuem, naquele momento, de se cuidarem sozinhos e de administrarem a própria vida.

Os idosos são uma população muito diversificada. A idade cronológica pouco diz sobre a situação de uma pessoa: conhecemos anciãos que aos 90 anos trabalham e iniciam novos projetos e conhecemos pessoas que ainda não completaram 65 anos e que estão acamadas.

Ou seja, é preciso olhar cada paciente idoso com suas particularidades e avaliar, assim o grau de independência (física) e autonomia (moral) individualmente. O geriatra, com essa visão capacitada, busca, então, propor metas para ganho de funcionalidade, de acordo com as possibilidades de cada um.

Reabilitação: com o intuito de melhor a funcionalidade, o geriatra em conjunto com uma equipe multiprofissional formada por fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, nutricionista, odontólogo, psicólogo e outros profissionais, propõem um plano de reabilitação para aqueles idosos que necessitarem.

Cuidados paliativos: da prática da Medicina antiga, em que os médicos eram conscientes de que poderiam proporcionar a cura das doenças em poucas vezes, nasceu o seguinte aforismo: “Medicus quandoque sanat, saepe lenit et semper solatium est” que podemos traduzir livremente como “Curar algumas vezes, aliviar freqüentemente, consolar sempre”.

O geriatra, preparado para acompanhar seus pacientes até o derradeiro momento, é responsável também por ministrar os cuidados paliativos, ou seja, os cuidados que aliviam os sintomas daquelas doenças incuráveis que se encontram em fase avançada e que ameaçam constantemente a vida. É uma posição ativa e contrária à atitude que diz “não há mais nada para fazer”.

Aspecto importante dos cuidados paliativos é a atenção integral, que leva em conta os aspectos físicos, emocionais, sociais e espirituais do doente e sua família.

Integração familiar: especialmente nos casos de idosos com debilidades importantes, o papel da família é primordial. É por isso que o geriatra conta muito com a família e também procura ajudá-la e orientá-la nas situações mais complicadas relacionadas ao cuidado do paciente.

Autora: Dra. Luciana Pricoli Vilela é medica especializada em Clínica Geral e Geriatria pela Universidade de São Paulo e membro da Sociedade Brasileira de Clínica Médica e Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

Gripe, resfriado e vacina

Todo ano é comum ouvirmos comentários semelhantes em relação à vacina da gripe comum: “é só tomar, para ficar gripado”, “se tomo fico doente, se não tomo, não fico”, “conheço várias pessoas que ficaram doentes depois que tomaram a vacina”, etc.

Para resolver essas dúvidas que são freqüentemente levantadas por nossos pacientes, vamos considerar alguns pontos:

1) a vacina é contra o vírus da influenza, causador da gripe.

2) gripe é diferente de resfriado. Este último pode ser causado por diversos vírus: adenovirus, parainfluenza, arbovirus, rinovirus e muitos outros.

3) na maioria das vezes em que temos dor de garganta, escorrimento e obstrução nasal, pouco de dor de cabeça com ou sem febre, estamos, na verdade, com resfriado e não gripe.

A gripe em geral dura muitos dias, cerca de dez, a pessoa fica arrebentada, tem dor no corpo, febre em geral alta, calafrios, dor de cabeça, além dos sintomas respiratórios (nariz entupido, catarro, tosse, dor de garganta, bronquite etc).

Ou seja, a infecção é mais complicada que o resfriado e, para os extremos de idade (crianças e idosos), a gripe pode complicar facilmente para infecções bacterianas mais graves (por exemplo, pneumonia). Por isso a vacina é tão importante, ela diminui, comprovadamente, as complicações e a mortalidade, especialmente em casos de indivíduos com algum tipo de fragilidade de saúde.

4) em relação aos que dizem que ficam doentes depois de tomar a vacina, isso se deve porque, em geral, as campanhas de vacinação ocorrem num período do ano em que já há muita disseminação dos resfriados (causados por tantos vírus diferentes). Por isso é tão comum ficar doente após a vacina. Na verdade, não é a vacina que causa a infecção, que não é gripe mas, sim, mais um resfriado!

Idosos: vacinem-se!

Autora: Dra. Luciana Pricoli Vilela é medica especializada em Clínica Geral e Geriatria pela Universidade de São Paulo e membro da Sociedade Brasileira de Clínica Médica e Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

Como otimizar a sua consulta com o geriatra

As primeiras consultas geriátricas, em geral são mais demoradas que o habitual.

A seguir, daremos algumas orientações e sugestões para que as consultas em nossa Clínica sejam mais proveitosas.

Horário: programe-se para chegar cerca de 20 minutos antes da sua consulta. Especialmente na primeira vez, talvez você não conheça bem o local, demore para estacionar o carro e ainda precisará preencher uma ficha com a secretária. Procuramos atender nossos pacientes sem atrasos.

Acompanhante: quase sempre é interessante que o paciente venha à consulta acompanhado para que o ajude a se lembrar de algumas questões, a memorizar orientações e tratamentos propostos. Entretanto, o acompanhante deve procurar ser oportuno deixando o paciente se expressar livremente, não respondendo por ele, mas somente ajudando-o quando não se lembrar ou não puder falar por alguma limitação. O ideal é vir com um ou no máximo dois acompanhantes, evitando as “comitivas”. Muitas vezes, será conveniente que em algum momento da consulta o paciente converse às sós com o médico.

Como contar a história médica: procure fazer um resumo em ordem cronológica dos problemas de saúde que tiver (escreva algumas palavras que o ajudem a lembrar na hora da consulta). Ao falar de sintomas novos, conte quando começaram, quando são desencadeados, como são aliviados e como interferem no dia-a-dia. Se há vários sintomas, liste-os, fale o que acha mais importante primeiro e procure ser objetivo ao descrevê-los. Não deixe para o final da consulta nenhuma queixa, porque isso pode mudar todo o raciocínio médico sobre quadro clínico.

Procure lembrar-se também de todos os tratamentos médicos e cirurgias realizados no passado. Mencione os médicos ou especialidades com os quais faz ou fez algum tratamento. Procure pensar nos problemas de saúde de seus familiares mais próximos (pais, irmãos, tios, primos de primeiro grau e filhos). Essas informações serão questionadas pelo médico.

Lembre-se que o médico que lhe atende procurará ser compreensível. Médicos não são seres diferentes dos “comuns dos mortais”, são de “carne e osso”. Não tenha “medo de levar broncas”. Por isso, seja sincero, fale a verdade e não omita informações. O alicerce da relação médico-paciente, que é uma parceria em prol do bem do paciente, é a confiança.

Assim, se não estiver fazendo direito um tratamento, diga-o claramente e procure pensar nos motivos: esquecimento, incômodo, receio dos efeitos colaterais, impossibilidade financeira, não aceitação da doença etc. O médico, por sua vez, deverá ajudá-lo a contornar suas dificuldades nesse sentido. Também não minimize nem exagere nas descrições de seus sintomas.

Se houver dificuldade para ouvir ou enxergar, avise o médico. Não esqueça de levar os óculos e os aparelhos auditivos.

Não tenha receio de conversar sobre assuntos íntimos, eles integram o bem-estar físico-psíquico-espiritual da condição humana. Se estiver acompanhado, sinalize que deseja conversar em particular. Se for o caso, fale dos sentimentos que o incomodam: tristezas, angústias, estresse, questões sexuais, dificuldades econômicas, preocupações, sinais no corpo que o assustaram (um sangramento, por exemplo, ou uma dor “diferente”, um “caroço” etc).

Tire as suas dúvidas e pergunte com franqueza. O médico deve lhe explicar com a linguagem que lhe for compreensível. Volte a perguntar se continuar não entendendo alguma informação, seja sobre o seu diagnóstico, sobre os exames pedidos ou sobre as medicações e orientações prescritas.

É bastante útil, ao fim da consulta, que o paciente ou o acompanhante faça um resumo das orientações e dos tratamentos propostos para assegurar que nada foi mal compreendido. Em geral, o médico escreve as orientações mais importantes. Se ele não o fizer, faça você as suas anotações.

Medicações: leve anotado todos os nomes e dosagens de todas as medicações que foram utilizadas no último mês e os horários em que são tomadas. É importante não deixar de lado nenhum remédio, incluindo os “caseiros”, “naturais”, “vitaminas”, “calmantes”, colírios, remédios para dor, para tontura, para o intestino, para dormir, ou qualquer outro, mesmo que ache que “não tem muita importância”. Pode ser útil levar as receitas de outros profissionais.

Controles: algumas vezes os médicos pedem alguns controles a serem realizados em casa. Esses controles podem ser medidas de pressão arterial, de glicemia capilar, de temperatura ou podem ser “diários” em que o paciente deve anotar sua alimentação, atividades físicas ou funcionamento do intestino, da bexiga etc. Esclareça bem a forma de fazer esses controles e não esqueça de levá-los na próxima consulta!

Exames: leve todos os exames relacionados ao seu estado atual. Não esqueça dos que foram pedidos na última consulta. Quanto a exames de rotina, leve os últimos de cada tipo (última mamografia, ultrassonografia, ecocardiograma, densitometria óssea etc).
Em geral, não é aconselhável jogar fora exames antigos, mesmo se são normais. Eles podem ajudar a verificar a época em que determinada doença surgiu e acompanhar a evolução da mesma.

Autora: Dra. Luciana Pricoli Vilela é medica especializada em Clínica Geral e Geriatria pela Universidade de São Paulo e membro da Sociedade Brasileira de Clínica Médica e Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.